Série 0500 da CP

 Nota: Este artigo é sobre a antiga série de automotoras a gasóleo. Se procura a antiga série de locomotivas a vapor, veja Série 501 a 508 da CP.

A Série 0500 foi um tipo de automotora a tracção a gasóleo, que esteve ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e da sua sucessora, Caminhos de Ferro Portugueses.

História

Automotora 505 na Pampilhosa, em 1964.

Esta série foi encomendada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, para assegurar serviços expresso entre Lisboa e o Porto, no âmbito de um programa de modernização dos serviços de passageiros.[1]

As automotoras desta série foram fabricadas na Itália, pela casa FIAT.[2] Eram similares às automotoras da Série 595, da Red Nacional de Ferrocarriles Españoles.[3] A primeira das três automotoras chegou a Entrecampos no dia 15 de Janeiro de 1953, tendo-se deslocado pelos seus próprios meios desde a fronteira espanhola.[4] Foi acompanhada em território espanhol pelo engenheiro Branco Cabral, ao qual se juntou na fronteira o director-geral da Companhia, Roberto de Espregueira Mendes.[4] Em Sacavém, embarcaram o presidente do conselho de administração, Mário de Figueiredo, e os administradores Pinto Osório, Frederico Vilar e Mário Costa.[4] À chegada a Entrecampos, esperavam o comboio vários representantes da imprensa, e funcionários superiores da Companhia.[4] Previa-se então que a segunda automotora chegasse a Portugal nos inícios de Fevereiro, e a terceira saísse da fábrica pouco tempo depois.[4]

Foram empregues nos serviços Foguete da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que começaram em 1953[5][6], na Linha do Norte.[2] Devido à sua qualidade e rapidez, este serviço tornou-se desde logo num nos ex-libris da Companhia.[2]

Fim do Foguete e legado

Com a eletrificação da Linha do Norte em 1966, esta série foi sendo afastada para outros serviços, nomeadamente para o Sotavento.[carece de fontes?] Após ter estado imobilizado em Elvas por vários anos,[7] a composição foi levada em finais da década de 2000 para a EMEF de Contumil, aguardando fundos para restauro integral.[carece de fontes?]

Em 2002 foi escolhido o desenho emblemático desta série para logótipo da revista da AMFO Foguete.

Automotora no ramal de acesso à Estação de São Bento, no Porto, em 1963.

Descrição

As automotoras desta série utilizavam normalmente uma composição tripla, com duas unidades motoras nas pontas e uma atrelada no centro.[2][4] Se necessário, a formação podia ser alterada, estando preparadas para viajar apenas com uma motora, com ou sem o atrelado.[4] Cada uma das unidades motoras contava com um motor FIAT, de 505 Cv, o que amontava a 1010 Cv de potência por automotora completa.[4] Podiam atingir uma velocidade máxima de 120 Km/h, numa recta em patamar.[1]

Os exteriores apresentavam linhas elegantes, de forma a gerar uma sensação de leveza,[4] enquanto que os interiores, de traços modernos, eram considerados bastante confortáveis, sendo insonorizados.[2] Possuíam um equipamento de ar condicionado, que permitia alterar a temperatura e a humidade no interior do veículo.[4] A automotora completa dispunha de 174 assentos reclináveis.[4] No centro do atrelado, existia um bufete, de reduzidas dimensões, com cozinha própria, onde se podiam produzir refeições quentes, e que eram servidas aos passageiros no próprio assento, através do uso de pequenas mesas portáteis.[4] Cada automotora contava igualmente com espaços próprios para colocar as bagagens mais volumosas dos clientes.[4]

Automotora a atravessar a ponte sobre o Rio Mondego, em 1960.

Ficha técnica

  • Construtor: FIAT[2]
  • Motores de tracção:
    • Número: 2[4]
    • Construtor: FIAT[4]
    • Potência total: 1010 Cv[4]
  • Ano de entrada ao serviço: 1953[5]
  • Número de unidades construídas: 3[2]
  • Velocidade máxima: 120 Km/h[1]
  • Bitola de via: 1668 mm[2]
  • Tipo de composição: Motora + reboque + motora[2]
  • Lotação: 173 passageiros sentados[4]

Ver também

  • Séries 9700 e 4000, outras famílias de material circulante português da FIAT

Referências

  1. a b c «Novo material para a C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1562). 16 de Janeiro de 1953. p. 454. Consultado em 25 de Abril de 2012 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  2. a b c d e f g h i REIS et al, 2006:119
  3. «Los Ferrocarriles Portugueses». Via Libre (em espanhol). Ano 5 (58). Madrid: Red Nacional de Ferrocarriles Españoles. 1 de Outubro de 1968. p. 23 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q «Linha Lisboa-Porto» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1563). 1 de Fevereiro de 1953. p. 472. Consultado em 25 de Abril de 2012 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  5. a b REIS et al, 2006:102
  6. MARTINS et al, 1996:12
  7. SILVA, José Eduardo Neto da (2005). «Editoral». O Foguete. Ano 4 (15). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 5. ISSN 124550 Verifique |issn= (ajuda) 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Série 0500 da CP

Bibliografia

  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado:O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas  !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X  !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)

Ligações externas

  • «Galeria de fotografias de unidades da Série 0500 em Estremoz, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês) 
  • «Fotografia de uma automotora da Série 0500 a realizar o comboio Foguete em Campolide, no sítio electrónico Flickr» 
  • «Página sobre a Série 0500, no sítio electrónico Trainlogistic» 


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Material motor ferroviário em Portugal
Tipologia ↓ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica:
IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v.
← Tracção
Estado → em serviço fora de serviço (ou uso ocasional) em serviço Bitola
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.)
automotoras 592 remodelados M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 1001 Z1 2000 2050 2080



ABm1-18

remodelados 2300 2400 3400 3500 4000 1668 mm
(ibérica)
VIP
0350
0450
0300
0400
 2100⎫ 
2150⎬ 
2200⎭ 
⎰*3100
⎱*3200

2240

3150*
3250*
9630 9500
 
9700─╮
9400←╯
ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 (Vale do Lima) (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) 1000 mm
(métrica)
locomotivas 9000 9020 Lydya
E1 E21 E31 E41 E51 E61 E71 E81 E91 E101 E111 E121 E131 E141 E151 E161 E181 E201 1-2
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 1300 1320 1550 1800 1960
D. Luiz S. Inauguração 001 01 1 09 011 17 021 21 031 32 41 041 41 070 71 81 91 101 103 110 141 151 175 181 0151 0181 0201 201 211 221 261 281 291 301 351 401 501 551 601 701 751 801 831 851 951 2068 01002 1008 2000 02012 02049 2133 51 (BA) 11 (CFE)
2500 2550 3300* 2600 2620 4700 5600 1668 mm
(ibérica)
locotratoras 1150 1000 1020 1050 1100 005
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos)
bondes
STCP101 STCP112 STCP115 STCP120 STCP150 STCP249 STCP250 STCP266 STCP300 STCP350 STCP404 STCP500
STCP200 STCP270 STCP280 1435 mm
(padrão)
automotoras ML7 ML79 ML90 ML95 ML97 ML99 ML200
LRVs, articulados MP000 MP100 MP200 C000
CCFL501 CCFL601 900 mm
bondes TUB1
CCFL203 CCFL283 CCFL284 CCFL323 CCFL343 CCFL363 CCFL389 CCFL400 CCFL403 CCFL475 CCFL500 CCFL508 CCFL532 CCFL552 CCFL601 CCFL613 CCFL736 CCFL761 CCFL801 CCFL806 CCFL901 TUB01
CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737
(PdV-VdC) (CCFTNA) (CFPLER) SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 (CSA) 1000 mm
(métrica)
locomotivas CSA 23074 (Pomarão)
(Transpraia) (P.d’El-Rei) (Mira) (CFPL) 600 mm
(JAPH) N0(JAPPD) 2140 mm
Estado → em serviço fora de serviço em serviço Bitola
Tipologia ↑ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica ← Tracção
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes